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Não era uma mulher bonita. Tinha tudo para ser, mas não era. A falta de beleza não parecia ser estética. Tinha cabelos curtos, olhos expressivos, boca carnuda, seios perfeitos. Não era bem-feita de corpo. Faltava ali, passava acolá... Mas não era esse o problema. Tudo bem que não dava pra usar roupas justas como todas as suas amigas, mas seu corpo não era o que ela tinha de feio.
Gostava de caminhar na praia, sandálias nas mãos, vestidinho solto. Vez ou outra chutava um montinho de areia. Seu olhar era distante, como quem espera algo do mar. Ou alguém.
Ficava horas sentada na praia, vendo as crianças correrem, o sol se pôr, as ondas irem e virem trazendo a maré. Escolhia sempre o mesmo lugar: próximo às pedras, do lado direito do quiosque, mas longe, bem longe de muita gente.
Tinha tudo pra ser a mais linda da praia, mas algo a impedia. Algo que não estava no corpo, no rosto e nem nos cabelos. Não eram as roupas e nem o sorriso.
Por vários minutos tentei decifrar aquela mulher feia. Não descobri o que a fazia ser assim. Era feia, apenas isso. Tinha tudo para ser bonita, mas não era.